quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Quero ser leve como a neve!

- Mother, it’s snowing! - disse minha prima ao adentrar a casa após o trabalho. Dei um pulo da cama e corri para a janela. Pude ver os pequeninos flocos de neve flutuando levemente sob a luz do poste na esquina. Queria sair naquela hora, com a roupa do corpo, de tanta excitação. Minhas tias me fizeram voltar ao quarto para pegar um casaco. Com medo de que os flocos fossem embora, peguei o primeiro casaco sobre a minha mala, corri pela casa, abri a porta e senti o vento gelado no meu rosto.

-Minha primeira neve! - Pensei. Depois de cinco minutos em silêncio, boquiaberta, com os olhos grandes e brilhosos apenas apreciando aqueles flocos de gelo dançarem mansamente, coordenados pelo vento, me aventurei com o casaco que minha mãe usou há trinta anos atrás quando viu neve pela primeira vez também. Fui para debaixo daquelas bolinhas brancas que pareciam pequeninos pedaços de espuma de travesseiro. Um toque gélido, mas doce.

Entrei num estado de êxtase tão grande que comecei a gargalhar sem parar. Não pensei nos vizinhos, nem naqueles que já dormiam. Tampouco minhas tias, que me olhavam pela janela, impediram tal admiração e expansão de sentimentos. Todas elas já haviam passado por este primeiro contato. Pude ver suas cabecinhas pela janela admirando a neve, bem como o meu deleite, a minha fascinação. Eu podia ouvir Tchaikovsky no vento regido pelos galhos das árvores, enquanto a neve representava o seu proprio ballet de "O Quebra Nozes".

O meu casaco foi ficando levemente pontilhado, enquanto meu cabelo estava cheio de flocos e meus pés frios e molhados. Mas nada disso me impediu de ficar mais um pouco ali. A neve, o vento, o tempo e eu. Pensei na vida, nos problemas diários, os conflitos internos, e tive inveja daqueles pequenos flocos. Tão leves, tão livres... e puros. Sua unica certeza? Cair. Onde? Incerto.

Dizem que o primeiro sutiã a gente nunca esquece. Pois do meu eu já esqueci faz tempo. Agora, isso aí... Não tem como esquecer. É como crescer e se perceber gente pela primeira vez, é ver o mar pela primeira vez, é aventurar-se numa mata, é tirar boa nota na escola quando a cabeça está para rolar... É abraçar alguém que você não vê faz tempo.


Ver a neve é assim.

8 Comentários:

Às 10 de dezembro de 2008 às 09:28 , Blogger Julita Kissa disse...

Oi Cissa. Estou muito feliz por receber notícias sobre as suas andanças pelo mundo. Poucas pessoas têm a coragem de enfrentar os medos e os desejos como você. Não se esqueça que o seu talento é nato e que sem dúvida, Deus te reserva coisas muito maiores do que imaginas. Sempre muito inteligente, agitada, alegre e corajosa! Vá em frente. Lembre-se que seus amigos e ex-colegas de faculdade torcem por ti. Vontade de te dar um abraço. Não quero nunca perder o contato com você. Desejo borboletas pra você!
Beijos grandes, abraço apertado.

 
Às 11 de dezembro de 2008 às 11:53 , Blogger Tati disse...

Aninha, lindo texto. Estou ansiosa por essa sensação e por abraçar pessoas que não vejo a um tempo!! Beijos e até breve!!!

 
Às 12 de dezembro de 2008 às 08:21 , Blogger Unknown disse...

Aninhaaaaa! Dá um belo capítulo de livro!! E histórias baseadas em fatos reais são sempre mais gostosas!
Bjssssss :)

 
Às 12 de dezembro de 2008 às 10:50 , Blogger Unknown disse...

CISSA,SEU TEXTO É ÓTIMO,QUE SENSIBILIDADE..............SAUDADES.

 
Às 13 de dezembro de 2008 às 12:16 , Blogger MENDIGO ENTRE MENDIGOS disse...

It's even so Cecília, our first snow flake it is unforgettable.
Lindo o seu texto !!!
Serei seu leitor assíduo.
Bjos

 
Às 13 de dezembro de 2008 às 21:12 , Blogger Unknown disse...

Oi, linda,
Adorei o texto, tão intenso, tão sensível, tão você.
Consegui entender perfeitamente a sua felicidade ao ver a neve pela primeira vez. Lembro-me que estava com uma prima passeando em NY quando os primeiros floquinhos da minha vida apareceram para tomar um café. Posso afirmar que tinha algo mágico no ar. As pessoas na rua passavam e falavam sorrindo "that is so beaultiful".
Saudade de você, sweetheart.

 
Às 20 de setembro de 2009 às 13:51 , Blogger Unknown disse...

Oi pequena jornalista...estou com saudades. Lindo! O que vc escreveu sobre sentir a neve. Eu também tive a oportunidade de me emocionar como vc ao senti-la sobre o meu rosto. É simplesmente demais.
Continue a se expressar por meio das letras. Vc tem talento e, nós ainda teremos o prazer de vê-la discorrendo sobre algum tema na telona ou em uma revista de grande circulação. Escrevendo com tamanha desenvoltura vc vai longe. Um grande beijo Lilian

 
Às 6 de outubro de 2009 às 06:02 , Blogger judite disse...

Oi,Aninha que bom poder estar em contato com voce, n~~ao o fiz antes porque estva sem comput...,veja só,nunca duvidei do seu talento,sem dúvida como sempre te dise irá muito longe.Lindo o seu testo sobre a neve, lembrei de um filme que assiste.Abraço apertadinho e mil bjs. Em tempo, com esta alegria e este sorriso contagiante menina voce iá longe,judite.

 

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